quinta-feira, 23 de julho de 2015

História vista por lado

“A Outra História Americana” (American History X) é um filme estadunidense de 1998 dirigido por Tony Kaye e escrito por David McKenna, com os atores principais Edward Norton (Derek Vinyard) e Edward Furlong (Danny Vinyard). O filme é do tipo ação/drama.
Derek é o filho mais velho de uma família americana de classe alta, que teve quando jovem o pai assassinado por negros enquanto ele lutava contra um incêndio no bairro dele, e isso foi o estopim para Derek se rebelar e colocar para fora toda sua ira contra as pessoas que, no que ele acredita, só causaram desajustes sociais roubando direitos de um país “justo e limpo”. Ele assim se torna líder de uma gangue neonazista que tem como objetivo livrar seu bairro desses “parasitas”, os negros e os latinos que buscam um lugar para ter uma vida melhor mas acabam tirando a oportunidade de pessoas merecedoras como ele. Assim não demorou para Derek se tornar uma referência para jovens perdidos e excluídos de seu bairro que veem nas suas falas uma saída para a angustia e frustração.  
O filme começa na cena que desencadeia a história da vida de Derek. Seu irmão Danny, ouvindo seu irmão transar no quarto ao lado e com os gritos acaba acordando no meio da noite. Não sei com o que ele se sente mais incomodado, mas o fato é que ele deitado na cama e tentando dormir, acaba avistando e avisando Derek que dois negros estão a tentar roubar o carro dele. Então Derek sai correndo para fora com uma arma na mão com uma única intenção, mata-los.
Mas o filme não se trata a apologia ao nazismo, claro que não, o filme foca na longa reabilitação de Derek. Pego pelo polícia, preso e condenado, Derek se vê num “mundo” em que são todos iguais e todos sujeitos a violência, até mesmo os seus semelhantes. Após três anos de prisão, Derek percebe que em todos esses anos que defendeu a ideologia só serviram para piorar sua vida, e que o ódio herdado de seu pai não tem razão de existir. Assim, Derek sai totalmente mudado, e disposto a recomeçar a sua vida e a salvar seu irmão mais novo que trilha exatamente o mesmo caminho que ele trilhou. Infelizmente seu irmão acaba sendo morto por esse mesmo motivo.
Este filme retrata muito bem o cotidiano de muitas pessoas em pleno século XXI em que ainda tem esse pensamento antigo e ultrapassado. E isso não está apenas nos Estado Unidos, é pelo mundo todo, o xenofobismo é um ideal que vem sido debatido entre grupos extremistas de maneira silenciosa. E esse filme retrata muito bem, porque ele é baseado em fatos reais, de pessoas que realmente passaram por tudo aquilo.
Como infelizmente testemunhamos num mundo globalizado, o racismo é cada vez mais evidente por uma suposta paixão pelo seu país ou pelo seu clube, como o visto no caso do goleiro aranha. O preconceito é fixado principalmente naqueles que praticam aquela cultura do “nada contra, mas...”. Desde a mulher que não pode entender futebol, indo para o racismo, até aquele cara que dá um jeitinho para ser melhor diante dos outros. E o mais grave e talvez mais irônico, o fato de um negro ofendendo um negro. Porque nós seres humanos temos essa necessidade de nos sentir superiores a qualquer outra pessoa?
Na 2ª guerra mundial foram mortos cerca de 70 milhões de judeus, a ideia alterada e fanática de Hitler da raça ariana marcou a história, mudou um país e mesmo com a justa demonização do fato, ainda há defensores e adeptos a ideia de soberania. Contudo, a guerra maior se constrói dia-a-dia, como nesse caso o que aconteceu no jogo de futebol de torcedores doentios. É só mais um em uma dura e cruel realidade ainda viva em nosso meio, mesmo com tantos defensores da igualdade ao longo da história moderna. A verdade é que “brancos” odeiam “negros” ao que fizeram em sua sociedade “limpinha”, homens odeiam mulheres que se “infiltram” em seu “clube”, e os sexos odeiam as pessoas que fazem opção pelo terceiro (homossexualismo), afinal, a cena de dois homens se beijando destrói famílias e a falta de caráter não. E assim seguimos nessa guerra preconceituosa sem ao menos saber como começou.

Bruno Tarrago


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