terça-feira, 21 de julho de 2015

NO: A alegria está chegando



    O filme, dirigido por Pablo Larraín, é baseado no manuscrito não publicado "El Plebiscito", escrito por Antonio Skármeta e conta os bastidores do embate histórico pelo fim da ditadura chilena, na qual o povo votaria em um plebiscito a favor ou contra a prorrogação de mais 8 anos do mandato do ditador chileno Augusto Pinochet.

    A historia tem como protagonista René Saavedra (muito bem interpretado pelo mexicano Gael Garcia), um publicitário que se vê em um conflito: ajudar a oposição do atual regime, participando da campanha que busca pelo “NO” ou continuar em seu emprego bem remunerado e estável como futuro sócio de uma agência bem sucedida. É claro que sua ligação com a sua ex-mulher, uma militante, e sua preocupação com o futuro de seu filho o fizeram ingressar ao time “comunista”, assim denominado pela direita apoiadora do regime. René usa da linguagem publicitária para modernizar e se diferenciar do modelo clássico de campanhas eleitorais contrariando até mesmo os apoiadores de sua causa que viam o plebiscito como uma causa perdida - e desejavam usar dos 15 minutos diários durante 27 dias para relatar a violência do regime, sem tentar atrair votos para seu lado.

    Quando René entra para a campanha, tenta apresentar algo colorido, divertido e jovem, buscando trazer de volta a felicidade perdida por muitos depois da implementação do regime e mostrar que votando “NO” essa alegria poderia voltar. A campanha foi montada em esquetes apresentando propagandas divertidas, momentos musicais e até mesmo um jornal que mostra como era o jornalismo antes da ditadura, uma noticia “pura” e sem censura. Aos poucos o programa foi sendo aprimorado, tornando-se mais divertido e tendo como atração principal jingles que logo eram cantados por todos, contagiando as pessoas com a ideia de felicidade trazida pelo “NO”. A comédia era uma parte fundamental na propaganda que trazia como diversão a informação abrindo os olhos das pessoas apoiadoras do regime, vencendo assim esta barreira fomentada pela alienação e medo.

    Aos poucos os conservadores - que subestimaram aqueles que eram favoráveis ao “NO” - percebem a derrota iminente e tentam enfraquecer a oposição, ameaçando a liderança e usando dos seus períodos de propaganda diária para atacar diretamente a publicidade adversária.

    Recomendo fortemente o filme que, embora se tratando de um evento passado, nos remete a uma realidade presente, trazendo diversas reflexões sobre nosso cenário politico atual e sobre as diversas opiniões que circulam entre as pessoas. É um filme que nos comove e nos faz sentir admiração pelo trabalho daqueles que disseram “NO” e acreditaram que “a alegria estava chegando”.

Francisco Berardi

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